Fonoterapia intensiva em pacientes com fissura labiopalatina

É muito comum pais chegarem ao consultório e questionarem o que é um programa de fonoterapia intensiva. Muitos se assustam, pois ligam esse nome a uma unidade de tratamento intensivo (UTI) ou unidade de cuidados intensivos (UCI). A grande semelhança é que ambos são tratamentos de alta frequência de monitoramento, mas um em ambiente hospitalar e outro ambulatorial e/ou em consultórios. Para ser considerado fonoterapia intensiva o programa deve ser realizado com duração variando de uma a quatro semanas consecutivas com uma ou até 4 sessões diárias.

  Programas de fonoterapia intensivos fora do Brasil já é utilizado há vários anos em diversas áreas da fonoaudiologia, por propiciarem mudanças de padrões que em fonoterapia convencionais (com uma ou duas sessões semanais) não seria possível ou levariam muito tempo para serem modificados ou até mesmo pela falta de fonoaudiólogos especializados em algumas regiões. No Brasil, na área de fissura labiopalatina o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/USP), popularmente conhecido como centrinho, é o pioneiro neste tratamento. Durante 10 anos da minha carreira como residente, mestranda e doutoranda participei de programas de fonoterapia intensiva oferecidas no centrinho, e devido experiência adquirida durante os programas que participei, vários questionamentos surgiram, isso fez com que esse fosse tema da minha tese.

Dessa forma, durante meu doutorado pude comprovar a eficácia do programa de fonoterapia intensiva a curto e longo prazo para pacientes com fissura labiopalatina, ou seja, os participantes da pesquisa apresentaram melhora de fala imediatamente após o programa e após meses conseguiram manter os resultados alcançados.

As expectativas de um programa de fonoterapia intensiva são altas, por isso a primeira pergunta dos pais/ pacientes/cuidadores são em relação aos resultados. Para responder isso nunca devemos esquecer a individualidade   de cada caso, mas o que temos publicado em pesquisa e o que observo na prática clínica é uma melhora significativa de fala em um curto prazo de tempo.

 O mais importante é que o programa intensivo oferece impulsionamento nas fonoterapias convencionais, ou seja, ao retornarem aos atendimentos semanais o paciente está melhor preparado para uma fonoterapia de baixa frequência melhorando e acelerando o processo terapêutico.

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